26 de junho de 2014

A mudança é lenta!

Uma mudança brusca na tradição causa um choque, o que chama a atenção de quem está habituado com uma prática.  Com essa ideia geral do mecanismo de defesa de mudanças, sejam elas positivas ou negativas, pode-se ter uma visão do cenário das mudanças até hoje das músicas litúrgicas.

Prestar um culto de adoração a Deus não é o mesmo que realizar um trabalho evangelístico capaz de convencer pessoas a estudarem a Bíblia, embora ambos tenham elementos comuns. A adoração é algo muito sério e profundo, cuja relevância e reverência são explicadas por toda a Bíblia. Há passagens que podem assustar o leitor da Bíblia devido à importância dada por Deus a certos detalhes, tendo havido pessoas que morreram por não agirem conforme deveriam.

Vou tentar introduzir um sofisma que tenho ouvido muito, para tentar explicar o meu ponto de vista sobre a evolução da música na liturgia das Igrejas.
  • Antigamente, quando a música ainda era a que muitos conhecem como "tradicional", houve muito problema pelas tentativas de modernizações musicais diversas; muita gente, na ocasião, se escandalizou porque algumas igrejas permitiram uma evolução "avançada" da música, o que foi considerado, então, como um tipo de "mundanismo" que estava atingindo as Igrejas.
  • Na Igreja Adventista isso se refere a acontecimentos que se refletiram em mudanças das músicas proporcionadas por grupos muito conhecidos, como, por exemplo: The King's Heralds Quartet, Heritage Singers, Arautos do Rei, o desaparecimento de grandes e conhecidos coros e o surgimento de uma nova onda de coros chamada de "Coros Jovens" em todos os lugares (cuja característica não está na juventude dos integrantes, mas na modernização da música).
  • Quem viveu aqueles episódios de mudança presenciou uma grande revolta e luta cotra a evolução por entender que o mundano invadia o sagrado.
  • Passadas algumas décadas, podemos reviver a história e estudar o motivo dos debates que ocorrem hoje sobre a mudança da música, quando os tradicionalistas querem manter o que é considerado hoje a referência como sendo a música sagrada adequada ao culto e a modernização como sendo obra do mal.
  • Comparando as músicas ditas "tradicionais" com as "modernas" condenadas há três décadas, vê-se que são as mesmas! 
  • Assim sendo, fica claro que o caso é subjetivo, depende exclusivamente do costume do ouvinte e Deus não tem um padrão único de referência, mas aceita a evolução, que ocorre apenas na mente do ser humano.
Os argumentos acima parecem baseados em silogismos, mas não são. Mas onde está o erro lógico?  Apresentarei algumas ideias:
  • O culto a Deus é absolutamente solene.
  • O canto precisa ter fôlego e entendimento (1Co 14:15)
  • A música não envelhece assim como a Bíblia continua atual.
  • As pequenas variações não são sentidas (efeito "sapo-na-panela").
  • Após vários anos de pequenas variações, algumas músicas que foram "corinhos" condenados apresentam-se como "hinos" aceitáveis, mas isso não comprova que a sua aceitação seja comparativa, pois pode ter havido uma degradação, embora ainda seja "aceitável" considerando-se os prós e contras.
  • O uso de percussão tribal que vem sendo inserida na música religiosa atual (gospel) não produz nenhum efeito benéfico (qual seria?).
  • Existem membros evangélicos que são tão aversos às mudanças, inclusive dos corinhos-hinos enxertados nos hinários, que são taxados de fundamentalistas, radicais e retrógrados, não havendo hoje lugar para sequer se expressarem, sendo anulados -- razão porque não ouvimos nem temos acesso às suas opiniões.
O importante não é haver sempre músicas diferentes com novos efeitos e novas formas, mas o fundamental é que a música tenha a capacidade de tocar em cada adorador e fazê-lo ficar mais perto do céu, venha a música sendo executada há muito tempo ou não.  Se é isso o que a música faz, ela está correta.  Mas se afastar o ouvinte da mensagem ou adicionar  distrações ou mesmo deixá-lo boquiaberto com a música ou a execução em si, não é adequada, pela definição bíblica. Então, não é a música inédita, nem a música "interessante", nem a música complexa, nem a virtuosidade do músico, mas a capacidade de manter a mente da igreja em Deus o que importa.  Esse precisa sempre ser o termômetro.

Se é uma questão de opinião, e cada um tem a sua, a música não tem referencial absoluto?  Eu penso que sim, pois há elementos bíblicos para orientar algumas características da música de adoração, embora não todos.  Que existe uma enorme variedade de possibilidades, isso é verdade, mas existem limites que podem se tornar claros ao nos aprofundarmos.  

No nível em que eu cheguei até este momento, eu diria que a semelhança com o rock e com o jazz, conforme estabelece a orientação da nossa igreja, é um forte parâmetro que precisa ser seguido.  Como a maior parte da música secular/popular é rock com todas as suas derivações, a música dentro da igreja deveria se afastar totalmente desse padrão.  

O excesso rítmico padronizado do rock (e do samba, da música africana ou de terreiro) inexiste em toda a riqueza dos milhares de padrões distintos que há na música erudita, que é incontestavelmente mais adequada.  A inserção constante de novas músicas não invalida as anteriores, mas algumas apresentaram características tão marcantes que passaram a ser copiadas -- o que é o caso do rock, que precisa da bateria, motivo porque eu evito ao máximo este instrumento, mas que por si só não seria inadequado.  

Portanto se você busca uma sincera adoração, reflita: a música hoje é mais reflexiva e nos faz querer ouvir mais as mensagens ou mexem com nossas emoções, nos dando prazer e provocando em nós vontade de continuar ouvindo (e comprando) os CD, DVD, Blu-Rays com o músico X, Y ou Z?  Eis a questão. Se a música de hoje parece adequada para você, seja honesto com a sua consciência. Pense, estude e ouça. Você pode fazer a verdadeira diferença... fugindo da moda... se for o melhor, estou sugerindo mesmo que você seja, portanto, antiquado.

Um comentário:

 
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