9 de março de 2011

O Som está ALTO???

Existe muita informação na Internet acerca dos métodos de avaliação da intensidade do som.  Como definir a intensidade do som para que não fique alto demais é uma questão que devemos nos preocupar hoje em dia, já que, geralmente, os alto-falantes são utilizados.  Até os corais hoje utilizam microfones e amplificadores de som para aumentar o impacto e dar mais efeitos, brilho, reverberação etc.  Muitas vezes, entretanto, pelo uso dos alto-falantes, acompanhamento e vozes juntos produzem volume de som acima do desejado.  Mas quanto é (ou deveria ser) o esperado?  Vou falar neste post.

Forte ou fortissimo e piano ou pianissimo são expressões relativas.  Relativas, pois quando ouvimos um fortissimo no headfone de um ipod nós controlamos o volume.  Quando estamos assistindo a uma apresentação (acústica e ao vivo) de uma orquestra sinfônica, a intensidade depende do local do auditório em que estamos.  Quem está na fila do gargarejo vai ouvir maior intensidade que o ouvinte da última fila da arquibancada lateral.  Quem está tocando um violino ouve um som mais alto que alguém a 100 metros.  Então tudo é uma questão relativa.  Mas existe um parâmetro absoluto.

O artigo intitulado "How loud is your Church?" (utilize o link, se desejar) diz muita coisa interessante a esse respeito.  Por exemplo, diz que a OSHA (órgão de administração de segurança e saúde ocupacional) desenvolveu uma escala que depende do tempo de exposição a decibéis (dB) para que não se tenha dano ou perda auditiva.  Problemas auditivos produzidos por exposição a som alto incluem a surdez, zumbidos e perdas seletivas em frequências específicas.  No cálculo de dB é importante notar que cada 10dB somado multiplica o som em 10 vezes.  Então 70dB é 10 vezes mais intenso que 60dB e 100 vezes mais intenso que 50dB. Em português existe muita informação na Internet, como, por exemplo: "Engenharia do som", que eu recomendo para compreender aspectos físicos do problema.

Eu comprei um decibelímetro (level meter que nos EUA custa US$ 60 com os impostos) e comecei a testar a intensidade no meu dia-a-dia.  Nos lugares mais silenciosos por onde eu passo, à noite, o equipamento mediu 55dB.  De dia, no local de trabalho, 65dB.  Em casa, próximo à praia, 60dB.  No local de trabalho, onde há um grande aparelho condicionador de ar, dependendo da distância a ele, varia de 65 a 75dB.  Na rua do bairro da Urca, de dia, 75dB normalmente, mas quando um ônibus passa pode chegar a 95dB.  Dentro de um ônibus urbano no Rio de Janeiro, com grande barulho de motor e freios estridentes, cheguei a detectar ruídos de 105dB.

Danos à audição podem ocorrer após 15 minutos ouvindo sons acima de 110dB.  Isso é muito pouco tempo para um dano que pode ser permanente.  Um único tiro de arma pode causar dano.  No caso de música, ouvir headfone alto ou um coral cantando por uma hora a 100dB.  

Voltando aos decibelímetros, em "Everything you wanted to know about sound level meters", o autor explica que 0dB de nível de pressão de som (SPL), usado na escala dos decibelímetros, corresponde ao limiar da audição em condições especialmente favoráveis.  A calibração dos equipamentos é feita a 1kHz.  Existem duas variáveis a serem selecionadas nos decibelímetros: a ponderação da curva e o tempo de captação, duas opções para cada.  A curva pode ser do tipo A (mais ou menos como o ouvido humano ouve) ou C (para estudar a resposta real dos equipamentos) e o tempo pode ser rápido (0,125 segundos) ou lento (1 segundo).

No artigo "Worship sound basics: it´s a little too loud, but that´s ... good?" o autor disse que é melhor usar curva A e slow para medir o nível do som para o ouvido.  Os outros são para calibração de equipamentos, outro assunto.  O som, para ser ouvido numa vigília de 8 horas, por exemplo, não deve sequer atingir o nível de 90dB, para não haver dano.

O artigo "Safety first: how loud is too loud?" apresenta o seguinte: "muitos músicos com instrumentos elétricos frequentemente tocam alto demais para suas pequenas igrejas onde estão, resultando em uma mistura que leva a congregação para fora do santuário, e possivelmente para outra, e mais silenciosa, igreja.  (...) eu sinto a sua dor.  A maioria das pequenas igrejas tem a acústica projetada numa época em que se usava órgão de tubos e coral.  Infelizmente, isso simplesmente não funciona bem com a música cristã moderna, com o resultado final sendo músicos infelizes e uma congregação chateada.  Você [que trabalha com o som] fica preso no meio disso, tentando agradar todo mundo, incluindo o pregador."  A sugestão é comprar um decibelímetro e medir a intensidade dos equipamentos usados sem o som estar ligado, para saber o quanto é preciso amplificar.  Medindo o som de uma guitarra no meio do auditório, supondo ser esse valor de 100dB, o vocal precisa ser amplificado a 10dB para atingir 110dB, mas esse valor é muito alto, começando a destruir a audição nos primeiros 30 minutos de som.  Solução única: baixar o nível dos instrumentos-base para o máximo de 85dB, não podendo atingir 95dB o som mais alto do vocal.  A organização americana NIOSH (instituto nacional de segurança e saúde ocupacional) é mais conservadora que a OSHA, estabelecendo a tabela de audição por tempo abaixo.


Estou preocupado em mostrar que o equipamento decibelímetro é fácil de ser adquirido e pode ser muito útil para a saúde auditiva. Todos podemos ter boa audição e crianças frequentam o ambiente da igreja, sujeitas ao som que nós oferecemos. A operação do equipamento foi descrita com o intuito de mostrar que é simples, desejando eu que cada igreja valorize o assunto e se anime a adquirir um medidor de volume. Preocupe-se com a sua audição agora para não ter problemas mais tarde! Ah, e ia me esquecendo: abaixe o volume um pouco mais, ok?!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Free Counter
Free Counter