22 de janeiro de 2010

Música, Som e Ritmo

Estava assistindo uma conversa na TV sobre música e alguns pontos me chamaram à atenção. Vou repetir as frases que ouvi e em seguida comento:
  1. música não se faz sozinho;
  2. pulso é a coluna da música e não há música sem pulso;
  3. ritmo define se a música é rápida ou lenta;
  4. música tem textura
Sobre o item (1) acho que não é verdade. Música pode ser executada e ouvida pela mesma pessoa. Acho que quando Davi tocava sua harpa no dia-a-dia o fazia inclusive durante os momentos de reflexão íntima, sozinho, só ele e Deus. Bom, havia as ovelhas, mas isso não vem ao caso.

O que é a pulsação na música? Se for como disseram na TV é um ritmo. Nesse caso teria havido equivoco quanto a pulsação=ritmo e ritmo=andamento. Mas se for algo mais profundo ou mais físico, posso entender que música é a existência de som e som (fique claro que não se trata de mero ruído) é composto por vibração. Vibração é pulsação, então, neste caso, concordo. Mas as batidas ruidosas de instrumentos de percussão, que podem ser utilizadas na música, não podem ser consideradas a coluna vertebral da música no sentido amplo. São a espinha do rock, tudo bem! Mas vejo música no assobio do vento, mesmo sem ritmo definido nem melodia nem harmonia. Monges cantando em uma voz, tão lentamente que nem se pode assimilar um ritmo é música. Uma sequencia ou mesmo um único acorde num órgão de tubos com registros no "tutti" é música para mim.

O ritmo não define o andamento (3). Na verdade quem define o andamento que uma música deve ter é um conjunto de fatores, mas o que representa a velocidade que a música é executada chama-se exatamente "andamento". A mesma música pode ser executada em vários andamentos, de acordo com o regente ou o executante. Um dos maiores maestros que já houve saboreava a música em andamentos tendendo mais para o lento. Dificilmente uma gravação da regência de Herbert Von Karajan na Berliner Philarmoniker será mais rápida que outra versão de outro regente. Observem isso. Ele gostava de sentir profundamente os acordes, as passagens... a música. Música é para ser apreciada, não meramente ouvida. Que ouçam isso os pianistas de igreja: correria leva a que sentimento?! Deixem a congregação sentir a música e a letra. Não havendo indicação vá para o moderato.

O item (4) é a textura da música. Isso é coisa de quem aprecia a música. Já ouviu falar em cor da música? Cheiro? Forma? Gosto? E há comparações como sentimentos de tristeza e alegria. Não sei se isso pode ser considerado algo absoluto, mas com certeza podem ser associações individuais ou de grupos. Mas deixo essa para você: música tem ou não tem textura? Comente.

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