16 de maio de 2012

Restauração da Música Coral nas Igrejas

A música coral já teve seu momento áureo, mas, já há algumas décadas, sofreu uma forte queda.  O que houve com a tão buscada sensibilidade foi um processo de simplificação extremo que ocorreu após o surgimento de recursos tecnológicos avançados.  Na atualidade é possível a uma única pessoa cantar ao vivo uma música a quatro vozes, é possível que um desafinado tenha sua voz editada e afinada, é possível que um tenor produza voz de baixo ou que um baixo reforce seus harmônicos, modificando sua tessitura e a textura de sua voz, artificialmente.  Toda essa tecnologia poderia contribuir para o aumento na sensibilidade musical mas, ao contrário, parece que está valendo a tão conhecida "lei do menor esforço".  Se podemos fazer agora um som similar utilizando muito menos tempo e recurso, porque estudar tantos anos?  

O computador hoje já é capaz de executar qualquer peça, podendo-se manipular de várias formas o tempo, a dinâmica e todos os recursos de expressão, executando-se qualquer partitura musical.  Os sons dos vários instrumentos musicais são gravados por amostragem (ou "samples") produzida por instrumentistas profissionais, que gravam individualmente o som de cada nota, registrando cada variante para cada possível expressão e recursos de nuances dos instrumentos, produzindo sons tais como: legato, staccato ou pizzicato, sforzando ou dolce, e uma série de novos recursos que nem se imaginava serem possíveis há alguns anos. Uma criança poderia programar uma execução de uma orquestra executando o famoso Voo do Besouro, de Rimsky-Korsakov no seu computador.  Veja abaixo uma versão orquestrada e uma versão sintética simples:

"O Voo do Besouro" com Orquestra

"O Voo do Besouro" no computador 

A tendência que vemos hoje é que, ao invés disso atingir-se um novo patamar de qualidade e erudição, ocorreu a simples substituição, havendo uma redução de qualidade mas uma eficiência muitíssimo maior.

A existência de um coral tem muitos aspectos importantes para uma igreja: torna um grande número de pessoas ativas na liturgia de um culto, imprime a noção de interdependência de todos na execução de uma única obra, educa as vozes, aumenta o conhecimento teórico musical, aumenta as percepções auditivas, além de muitos outros aspectos.  

Mas a música coral nas igrejas está sofrendo com a tecnologia e simplificação.  Alguns sintomas claros disso consistem num andamento rápido e constante, no ritmo padronizado, na intensidade alta (varia entre mf a fff) com a utilização obrigatória de microfones.  Poucos são, agora, os graus de liberdade que se colocam, realmente, à disposição do regente, que está limitado pela "banda" que substitui o acompanhamento tradicional de piano e órgão.

E agora, com esse quadro que se estabeleceu, como poderemos restaurar a música coral de qualidade nas igrejas?  Alguma sugestão?!!

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