5 de outubro de 2009

Tradicionalismo e Sensibilidade

Muitas vezes eu me sinto como se as pessoas à minha volta achassem que eu gosto de repertórios antigos e ultrapassados, pesados e cheios de palavras em desuso. Coristas e ouvintes, na minha percepção, parecem querer de um coral que ele seja chamado de jovem, que canta músicas novas, do gosto dos jovens, para público jovem, cantado por jovens. Em resumo: deseja-se um coro moderno.

O nosso coral ainda não tem um nome, e eu não sugeriria "coral jovem", como tem sido chamado, porque não é composto só por jovens, não canta só músicas atuais modernas, não visa apenas o público jovem nem deve estar baseado em "ritmos jovens" (ver postagens anteriores sobre ritmo) . Embora gosto seja algo pessoal, e eu não posso representar ninguém nesse aspecto, mas quero dar algumas sugestões. Eu não escolheria nomes latinizados terminados em "us", por exemplo, nem jogos de palavras, porque isso já está saturado. Acho que um nome que fale do objetivo (louvor, paz, luz, canto, amor, evangelho, divulgação, mensagem, palavra, caminho etc), se for também sonoro, pode ser muito interessante. Já cantei num coral de Brasília chamado "Mensageiros da Paz". Bom nome. Isso ajuda a ter identidade. Acho que já podemos fazer comentários a respeito. Se tiver sugestão, coloque-a neste blog.

Mas voltando à questão da juventude do repertório, é preciso compreender a diferença básica entre bonito e jovem. A beleza está muito mais na qualidade do tema e da execução e no sentimento de quem executa do que no uso de acompanhamento e ritmo modernos. Um exemplo? Veja a música abaixo, um tema de filme, só tocado, de um filme que conta a história de gangsters americanos. Pode-se dizer que o público-alvo principal desse filme é jovem. Primeira observação: os instrumentos utilizados. Segunda: não tem ritmo marcado, só riqueza melódica e harmônica dos sons. Terceira: o andamento é bastante calmo, lento. Quarta: o conhecimento técnico profundo é que permite que os músicos tenham liberdade dinâmica.

Veja o video abaixo:


Existem milhares de exemplos. Um outro exemplo é o "antigo"(mas não antiquados) "oratório", como "O Messias" (Handel) e "Elias" (Mendelssohn). Deste último temos uma música ("O que Vigia Israel") aguardando a que os coristas aprendam a ler suas vozes para começarmos. Veja o link de um grande coral extraordinário (link) ou o video abaixo de outro, com a mesma música.




Mas se disserem que é uma apresentação erudita... ah, sim! Sem dúvida. É erudita e a erudição significa, pelo dicionário, é aquilo "que tem instrução vasta e variada, que revela muito saber", ou seja, é algo que depende muito de estudo, de ensaio. Quanto mais refinamento, mais erudito. É erudita, sim. Cada um pode-se encaminhar para a erudição à medida em que se aprofunda nos estudos, e no nosso caso, o estudo é o desenvolvimento de um talento para a obra de Deus. Vamos estudar? Vamos nos dedicar no tempo que temos para isso? Certamente nosso conhecimento teórico e técnico vai transformando e modificando o nosso gosto musical. O Aleluia de Handel é música para velho ou para jovem? Acho que não tem idade. Música nenhuma tem idade. A questão é se o coral é bom. Se é jovem ou não, não importa. Vamos fazer o melhor e nos tornaremos exatamente naquilo em que acreditarmos. Vamos cantar?!

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